domingo, 5 de agosto de 2012

A experiência de Deus como absoluto

ao celebrar 100 anos de fundação, a Família Paulina se propõe a revisitar sua origem e a reafirmar as raízes que a alimentam. Uma família religiosa se define, basicamente, por seu carisma, pelo dom que Deus lhe concedeu, e que deseja ver doado a serviço de seu povo. Carisma, no entanto, não se define como o trabalho ou a ação pastoral. A ação pastoral é o meio para alcançar o resultado, mas não se confunde com o fim nem com a essência.
Se olharmos a vida de Paulo, o inspirador de nossa Família, e a quem temos como modelo para o apostolado, vamos encontrar um homem coerente e decidido, cuja existência não se poderia compreender fora de uma atitude genuinamente religiosa.
Aquele fariseu fervoroso, que perseguia os cristãos, era coerente com seu farisaísmo. Na intimidade com o Deus de seus pais, Paulo acreditava na observância da Lei judaica como o meio absoluto para que Deus olhasse novamente para seu povo escolhido e enviasse o Messias, que, como sucessor de Davi, restabeleceria o reino de Israel, expulsando os romanos da terra prometida. Aquele homem obstinadamente religioso, então, numa experiência extraordinária a caminho de Damasco, encontra vivo um irmão judeu que os romanos haviam condenado à morte e crucificado. Essa experiência religiosa, mística, de contato  com o sagrado, leva Paulo a compreender que o tempo da espera havia terminado. Seus Deus havia decretado o fim dos poderes que dominavam o povo de Israel. E é assim que, com a mesma obstinação, de fariseu perseguidor, Paulo torna-se  o maior dos apóstolos. E, para os que o acusavam de não ser apóstolo por não ter estado fisicamente entre os Doze, Paulo sempre dava as suas credenciais: o próprio Deus o havia escolhido para o apostolado entre as nações. Sim, porque agora se tratava de preparar todos os povos para o retorno de Jesus ressuscitado. E a Lei judaica não era mais o meio absoluto, pois, a partir de então, a fé em Jesus ressuscitado era como que a porta aberta, para que todas as nações chegassem à salvação.
Considerar o Absoluto que era Deus na vida de Paulo e como a experiência desse Absoluto em sua vida marcou sua história, mudou a orientação de sua existência e o transformou em Apóstolo das Nações, significa dizer hoje: nós, Família Paulina, formada por cada um de seus membros, somos pessoas que se consagram para uma experiência de intimidade com Deus. É essa experiência que nos alimenta, define, orienta e reorienta, nos passos de Paulo, sem intimismos baratos, para o anúncio do Evangelho a todos.
padre Paulo Bazaglia, ssp - Revista "O Cooperador Paulino"

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