segunda-feira, 4 de março de 2013

Por que as pessoas sofrem?


Dona Antonia estava trabalhando em seu jardim quando se aproxima uma linda garotinha e lhe diz:
- Vó, por que as pessoas sofrem?
- Como é, minha neta?
- Por que as pessoas grandes vivem bravas, irritadas, sempre preocupadas com alguma coisa?
- Bem, minha filha, muitas vezes porque elas foram ensinadas a viver assim.
- Vó...
- Oi
- Como é que as pessoas podem ser ensinadas a viver mal? Não consigo entender. Na minha escola a professora só me ensina coisas boas.
- É que elas não percebem que foram convencidas a ser infelizes, e não conseguem mudar o que as torna assim. Você não está entendendo, não é, meu amor?
- Não, Vovó
- Você lembra da estorinha do Patinho Feio?
- Lembro.
- Então... o Patinho se considerava feio porque era diferente. Isso o deixava muito infeliz e perturbado. Tão infeliz, que um dia resolveu ir embora e viver sozinho. Só que o lago que ele procurou para nadar havia congelado  e estava muito frio. Quando ele olhou para o seu reflexo no lago, percebeu que ele era, na verdade, um maravilhoso cisne. E, assim, se juntou aos seus iguais e viveu feliz para sempre.
- O que isso tem a ver com a tristeza das pessoas?
- Bem, quando nascemos temos a natureza de cisne, mas, muitas vezes, somos levados a acreditar e viver como patinhos tentando aceitar o que os outros dizem que está certo ou é melhor para nós. Então, passamos muito tempo tentando virar patos.
- É por isso que as pessoas grandes estão sempre irritadas?
- É por isso! Viu como você é esperta?
- Então, é só a gente perceber que é cisne que tudo dará certo?
- Na verdade, minha querida, encontrar a nossa verdadeira imagem não é tão fácil assim. Você lembra o que o cisnezinho precisava fazer para poder se enxergar?
- O que?
- Ele primeiro precisou parar de tentar ser um pato.
- E como se faz isso?
- Parando de tentar ser quem a gente não é. Depois, ele aceitou ficar um tempo sozinho para se encontrar.
- Por isso ele passou muito frio, não é, vovó?
- Passou frio, fome e ficou sozinho no inverno.
- É por isso que o papai anda tão sozinho e bravo?
- Não entendi, minha filha?
- Meu pai está sempre bravo, sempre quieto com a música e a televisão dele. Outro dia ele estava chorando no banheiro... Vó, o papai é um cisne que pensa que é um pato?
- Em parte, todos nós somos querida.
- Ele vai descobrir quem ele é de verdade?
-Vai, minha filha, vai. Mas quando estamos no inverno, não podemos desistir, nem esperar que o espelho venha até nós, para revelar nossa verdadeira imagem. Temos que ser humildes e procurar ajuda até encontrarmos.
- E ai viramos cisnes?
- Nós já somos cisnes. Apenas temos que deixar que o cisne venha para fora e tenha espaço para viver e para se manifestar.
O rosto da menina se iluminou e ela se virou depressa para ir embora. A vó preocupada perguntou:
- Aonde você vai minha querida?
- Vou contar pro papai o cisne bonito que ele é!

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